Panorama do Mercado de Soja e Milho 12/09/2025

Chicago sobe em compasso de espera pelo WASDE; dólar mais fraco reduz competitividade brasileira; no físico, spreads seguem largos no Paraná e produtores travam negócios. Fertilizantes mantêm alívio parcial, melhorando a relação de troca no Oeste do Paraná.

Mercado Internacional

Na Bolsa de Chicago (CBOT), a quinta-feira (11) foi marcada por ganhos em soja e milho. O movimento reflete ajustes de posição antes da divulgação do relatório WASDE, que será publicado nesta sexta-feira (12), ao meio-dia (horário de Brasília).

• Soja (nov/25): fechou a US$ 10,3350/bu (+0,80%).
• Milho (dez/25): encerrou a US$ 4,1975/bu (+0,66%).

A expectativa é de que o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) anuncie cortes na produção e no rendimento das duas culturas. Analistas consultados apontam que a safra de soja norte-americana deve cair de 116,82 mi t para 116,30 mi t, com rendimento reduzido de 3,61 para 3,58 t/ha. Para o milho, a estimativa de produção recua de 425,25 mi t para 419,38 mi t, enquanto a produtividade deve passar de 11,85 para 11,68 t/ha.

Apesar do viés altista, os ganhos foram limitados pelos dados de exportação norte-americana, que vieram abaixo do esperado. O USDA reportou apenas 539,9 mil toneladas de milho vendidas na semana encerrada em 4 de setembro, bem abaixo das 900 mil toneladas projetadas pelo mercado.

Impactos Regionais

O cenário internacional encontra paralelo no mercado físico brasileiro, onde compradores seguem cautelosos e vendedores tentam sustentar pedidas mais altas.

Soja — referências da Gama Corretora

• Ponta Grossa (PR): R$ 118,00/sc
• Cascavel (PR): R$ 129,91/sc
• Maringá (PR): R$ 130,83/sc
• Pato Branco (PR): R$ 123,00/sc
• Porto de Paranaguá (CIF): R$ 142,72/sc (setembro, pgto. fim do mês) — vendedores pedem +R$10.
• Lucas do Rio Verde (MT, out./FOB): comprador a R$ 127, pedida em R$ 130.

Milho — referências da Gama Corretora

• Cascavel (PR): produtor entre R$ 73–75/sc FOB; comprador abaixo de R$ 70/sc CIF → negócios travados.
• Nova Mutum (MT): vendas pontuais a R$ 47/sc FOB (embarque set., pgto. out.); ideal do produtor acima de R$ 50.
   

Fertilizantes e Relação de Troca no Oeste do Paraná

O mercado de insumos apresenta sinais de alívio parcial. Dados mais recentes indicam:

• MAP 11-52-00: ~R$ 4.125/t
• Ureia: ~R$ 2.219/t
• KCl (60%): ~R$ 2.077/t

Com o dólar mais fraco frente ao real, a paridade de importação tende a aliviar, favorecendo negócios pontuais.

Relação de troca — Cascavel (PR)

Soja (R$ 129,91/sc)

• Ureia: 17,1 sc/t
• KCl: 16,0 sc/t
• MAP: 31,8 sc/t

Milho (R$ 70/sc, CIF comprador)

• Ureia: 31,7 sc/t
• KCl: 29,7 sc/t
• MAP: 58,9 sc/t

Com a ligeira queda do câmbio, produtores do Oeste paranaense podem encontrar oportunidades para antecipar compras escalonadas, especialmente de ureia.

O que Observar

WASDE (12/09, 13h BRT): eventuais cortes nos números dos EUA podem gerar volatilidade imediata em CBOT e nos prêmios no Brasil.

Câmbio: a trajetória do dólar segue como variável-chave para exportação e relação de troca.

Físico: spreads amplos no milho e pedidas mais altas na soja indicam seletividade nas negociações.

Fertilizantes: queda no CFR deve ser monitorada de perto para aproveitar janelas de compra.

Conclusão

O mercado abre esta sexta-feira em compasso de espera pelo WASDE, com viés altista sustentado pelo possível corte nas safras dos EUA, mas limitado pelo câmbio mais fraco e exportações norte-americanas aquém do esperado. No Brasil, a soja se mantém firme no Oeste do Paraná, enquanto o milho segue pressionado pela lentidão nas exportações e pela resistência do comprador.

No campo dos insumos, a relação de troca melhora discretamente, abrindo espaço para decisões estratégicas de compra. O produtor deve manter atenção à divulgação do USDA e ao comportamento do câmbio para calibrar suas vendas e aquisições.