Panorama do Mercado de Soja e Milho em 01/10/2025

Soja e milho recuam em Chicago após relatório do USDA. Veja preços nas praças do Brasil e a relação de troca com fertilizantes no Paraná.

Panorama do Mercado de Soja e Milho em 01/10/2025
Criação: CostaWeber Agrosolutions

Estoques do USDA mexem com Chicago; China segue fora do balcão(Disponivel); negócios são pontuais no Brasil e relação de troca com fertilizantes ganha destaque no Paraná.

Mercado Internacional de Soja

Os contratos futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) fecharam em queda nesta terça-feira (30). O vencimento novembro recuou cerca de 8,75 cents (–0,87%), encerrando o pregão a US$ 10,0175 por bushel.

O movimento foi reflexo do relatório trimestral de estoques divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que apontou reservas domésticas de 8,60 milhões de toneladas em 1º de setembro de 2025. O volume ficou abaixo do esperado por analistas (8,76 milhões) e inferior ao registrado no ano anterior (9,31 milhões). Ainda assim, a pressão da colheita americana e a ausência da China nas compras de soja dos EUA mantiveram o viés baixista em Chicago.

Em Pequim, representantes do USDA destacaram que a China deve manter sua demanda suprida até meados de dezembro graças às compras recentes na América do Sul e aos estoques comerciais elevados. O país segue dando preferência à soja brasileira e argentina, em detrimento da norte-americana.

Na Argentina, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires projetou a safra 2025/26 em 48,5 milhões de toneladas, uma queda de 3,6% em relação ao ciclo anterior. A área cultivada deve recuar 4,4%, para 17,6 milhões de hectares.

Mercado Interno de Soja

No Brasil, as negociações continuam em ritmo lento. Nas principais praças:

  • Cascavel (PR): indústrias pagam R$ 135/saca CIF, com entrega imediata e pagamento em 30 dias.
  • Paranaguá (PR): tradings oferecem R$ 136/saca CIF, nas mesmas condições.
  • Dourados (MS): indústrias e tradings indicam R$ 121 a R$ 122/saca FOB, com retirada imediata e pagamento em 30 de outubro. Vendedores resistem e pedem acima de R$ 125/saca.

O cenário segue de poucos negócios fechados, com compradores e vendedores ainda distantes em suas posições.

Mercado Internacional de Milho

Os futuros de milho também recuaram em Chicago. O vencimento dezembro caiu 6 cents (–1,42%), para US$ 4,1550 por bushel. A pressão veio dos estoques norte-americanos, que surpreenderam ao ficar acima das expectativas do mercado.

Segundo o USDA, os Estados Unidos tinham 38,91 milhões de toneladas estocadas em 1º de setembro de 2025, contra 44,78 milhões no mesmo período de 2024. Apesar da queda anual, o mercado esperava um volume menor, de 33,93 milhões de toneladas.

A colheita norte-americana está em 18% da área, abaixo dos 20% registrados no mesmo período do ano passado e levemente inferior à média de cinco anos (19%). Consultores relatam preocupação com a produtividade das lavouras, que estaria sendo afetada pela ferrugem.

Na Argentina, as perspectivas são positivas para o milho. Projeções indicam que a safra 2025/26 pode chegar a 61 milhões de toneladas, caso o regime de chuvas seja favorável.

Mercado Interno de Milho

No Brasil, a demanda de indústrias movimentou vendas pontuais:

  • Cascavel (PR): indústrias oferecem entre R$ 58 e R$ 60/saca FOB, com retirada imediata e pagamento em 30 dias.
  • Paranaguá (PR): tradings indicam R$ 64/saca CIF com pagamento em 30 dias, ou R$ 66/saca CIF para pagamento em 60 dias.
  • Dourados (MS): negócios pontuais a R$ 51 a R$ 52/saca FOB, com retirada imediata e pagamento em 30 dias.

Assim como na soja, o ritmo de comercialização do milho é lento, com poucos volumes efetivamente negociados.

Fertilizantes no Paraná e Relação de Troca

O mercado de insumos também chama atenção no início de outubro. A ureia CFR Brasil apresentou estabilidade em setembro, cotada a cerca de US$ 431/t, enquanto o preço médio de importados de fertilizantes em julho de 2025 atingiu US$ 362,7/t, o maior nível desde 2023.

No Oeste do Paraná, onde a logística via Porto de Paranaguá é determinante, o cálculo da relação de troca aponta que uma tonelada de ureia equivale hoje a aproximadamente:

  • 17,2 sacas de soja (considerando soja a R$ 135/saca em Cascavel);
  • 39,5 sacas de milho (considerando milho a R$ 59/saca em Cascavel).

Vale ressaltar que frete, ICMS e margens de revenda podem alterar significativamente essa conta, variando de região para região.

O que acompanhar nos próximos dias

  • EUA: avanço da colheita e atualizações sobre produtividade.
  • China: sinais de retomada nas compras de soja dos EUA ou manutenção da estratégia focada na América do Sul.
  • Argentina: janela de plantio e regime de chuvas, que serão decisivos para soja e milho 2025/26.
  • Câmbio e logística: impactos diretos na paridade de exportação e nos preços internos de fertilizantes.

Conclusão

O mercado de grãos inicia outubro em clima de cautela. Nos Estados Unidos, os relatórios de estoques e o avanço da colheita ditam o ritmo em Chicago. No Brasil, tanto soja quanto milho seguem com negociações lentas, em volumes pontuais, enquanto a relação de troca com fertilizantes ganha cada vez mais peso nas decisões de comercialização e planejamento da próxima safra.

CLIQUE AQUI: Participe do nosso grupo de WhatsApp