Crime em Icaraíma: viúvas refazem os passos dos maridos assassinados em busca de respostas e justiça
Três meses após o quádruplo homicídio, esposas viajam mais de 700 quilômetros até o Noroeste do Paraná
Três meses após o assassinato de quatro homens em Icaraíma, no Noroeste do Paraná, as esposas de duas das vítimas voltaram à cidade nesta quarta-feira (5) em uma jornada marcada pela dor e pela busca por justiça. Fabricia Affonso, viúva de Diego Henrique Affonso, e Meire Marascalchi, esposa de Rafael Juliano Marascalchi, percorreram os locais onde os maridos estiveram antes de morrer, tentando compreender o que realmente aconteceu no dia do crime.
Foi a primeira vez que Fabricia esteve em Icaraíma. Acompanhada da advogada da família, ela fez questão de visitar a panificadora onde os quatro homens tomaram café pela última vez antes de desaparecer. Em entrevista ao OBemdito, relatou o sofrimento e a angústia da espera por respostas.
“É a primeira vez que eu venho aqui, e não é fácil. A gente está segurando muito por causa do meu sogro, que trata um câncer. Além de ser longe, é muito dolorido vir e não ter nenhuma resposta. Três meses se passaram e não temos nada. Sinto tristeza e fome de justiça. Foram quatro vidas”, desabafou, às lágrimas.
Já Meire Marascalchi voltou à cidade pela sexta vez. Acostumada à longa viagem de mais de 700 quilômetros desde São José do Rio Preto (SP), ela afirma que cada retorno é uma tentativa de manter o caso vivo.
“Eu acostumei a vir aqui, porque, para saber de algo, tenho que estar presente. Viro noites viajando, mas, se a gente não vier, nada acontece. Só queremos justiça, que alguém pague. São muitos envolvidos e nenhuma resposta”, disse.
Durante a visita, as famílias também foram até a chácara dos Buscariollo, onde teria ocorrido a última negociação entre os acusados e as vítimas. A advogada Josiane Monteiro, que representa os familiares, acompanhou a visita e cobrou acesso integral ao processo e a elaboração de um laudo preliminar. Segundo ela, a falta de transparência tem dificultado o acompanhamento das diligências.
“Entendemos que o laudo final virá apenas ao término do processo, mas um laudo preliminar já seria possível e necessário. As famílias esperam apenas transparência”, afirmou.
O delegado Thiago Andrade, responsável pela investigação em Icaraíma, informou que o caso é “complexo e minucioso” e que uma força-tarefa foi montada com três delegados, incluindo um da Força Nacional de Segurança, para dar andamento ao inquérito.
Polícia Civil ainda sem prazo para conclusão
A Polícia Civil do Paraná declarou que ainda não há data definida para a conclusão do inquérito. A análise das provas está sendo feita por uma equipe do Grupo de Diligências Especiais (GDE) de Umuarama e por analistas do Departamento de Polícia Civil. O volume de informações e a complexidade do caso justificam a demora, segundo o órgão.
Entenda o caso
As investigações indicam que o crime em Icaraíma teve origem em um conflito comercial envolvendo a compra e venda de um sítio de cinco alqueires, avaliado em R$ 750 mil, no distrito de Vila Rica do Ivaí.
Uma das vítimas, Alencar Gonçalves de Souza Giron, havia comprado a propriedade de Antônio Buscariollo, pagando R$ 255 mil à vista. Com o distrato do negócio, Buscariollo deveria devolver o valor em dez parcelas de R$ 25 mil, mas os pagamentos atrasaram.
Para cobrar a dívida, Alencar contratou Diego Henrique Affonso, que viajou a Icaraíma com Rafael Juliano Marascalchi e Robishley Hirnani de Oliveira, ambos de São José do Rio Preto (SP). No dia 5 de agosto, os quatro homens foram até uma propriedade rural para um novo encontro com Buscariollo — e desapareceram.
A polícia encontrou cápsulas de cinco calibres diferentes, inclusive de fuzil e pistola .45, e marcas de tiros em árvores.
Os corpos foram localizados 45 dias depois, entre a noite de 18 e 19 de setembro, enterrados em uma área rural próxima. A Polícia Científica recolheu os corpos e realizou a perícia. O caso é considerado uma das investigações mais complexas da região.
Fonte: obemdito.com.br





















