Biodiesel B15: Solução Verde a 15%, Mas a Que Custo?

B15 (15% biodiesel) custa até 160% mais que o diesel, elevando frete, impactando soja e desafiando incentivos.

Biodiesel B15: Solução Verde a 15%, Mas a Que Custo?
Elaboração: CostaWeber Agrosolutions
Biodiesel B15: Solução Verde a 15%, Mas a Que Custo?
Biodiesel B15: Solução Verde a 15%, Mas a Que Custo? Biodiesel B15: Solução Verde a 15%, Mas a Que Custo?

Ontem, dia 1º de agosto, entrou em vigor a normativa do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) que eleva de 14% para 15% a mistura obrigatória de biodiesel ao diesel comercial, o chamado B15.

O biodiesel é um combustível renovável, produzido principalmente a partir de óleos vegetais (no Brasil, cerca de 70% vem do óleo de soja). Apesar de emitir CO₂ na queima, esse carbono é considerado neutro, pois foi previamente capturado pelas plantas via fotossíntese. Ou seja, ele não adiciona carbono “novo” à atmosfera como o diesel fóssil.

Além dos benefícios ambientais, o biodiesel é frequentemente usado como instrumento político para:

- Melhorar a imagem ambiental do país em acordos internacionais;
- Reduzir a dependência do petróleo importado;
- Fomentar a industrialização nacional, especialmente no setor de esmagamento de soja.

Mas a conta precisa fechar!!!

Conforme mostra o gráfico, o biodiesel tem sido substancialmente mais caro que o diesel fóssil, chegando a picos de R$ 6,46/litro, contra R$ 3,86/litro do diesel em 2024.

Isso elevou a paridade (relação entre os dois preços) para até 160%, o que dificulta os incentivos governamentais à cadeia, justamente por seu impacto inflacionário, principalmente no custo do frete.

A mistura B15 já estava prevista para 2023, mas foi adiada justamente por conta do desequilíbrio de preços.

Entre 2016 e 2024, a produção nacional de biodiesel cresceu cerca de 140%, impulsionando a demanda interna por soja e incentivando novos investimentos em usinas de esmagamento.

No entanto, com:
- o cenário fiscal brasileiro fragilizado,
- os juros elevados, e
- a tendência de queda no preço do petróleo desde 2022,

fica o questionamento: Ainda há espaço para aumentar a mistura obrigatória?

Se o petróleo voltar a subir, a paridade pode até melhorar.
Mas se o desequilíbrio persistir, o avanço pode perder força.


A energia pode ser verde. Mas o mercado só anda quando o custo é viável.

Fonte: ANP