USDA surpreende: milho bate recorde de safra, soja decepciona e trigo acende alerta global
USDA divulga relatório de oferta e demanda: milho registra safra recorde nos EUA, soja frustra expectativas e trigo aponta estoques globais no menor nível desde 2015. Entenda o impacto da porteira pra dentro e pra fora.

USDA Divulga Relatório de Oferta e Demanda: Milho Surpreende com Safra Recorde, Soja Frustra Expectativas e Trigo Aponta Estoques Mais Apertados
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgou nesta terça-feira (12/08) o seu tradicional Relatório de Oferta e Demanda Global (WASDE), documento que orienta o mercado mundial de grãos ao atualizar estimativas de produção, consumo, exportação e estoques de cada safra. Os números mexem diretamente com os preços na Bolsa de Chicago (CBOT) e, consequentemente, com as cotações no Brasil.
Milho: safra recorde nos EUA e oferta folgada no mundo
O grande destaque foi o milho norte-americano. O USDA elevou o rendimento para 188,8 bushels por acre e projetou produção recorde de 16,7 bilhões de bushels, aumentando os estoques finais para a temporada 2025/26 para cerca de 2,1 bilhões de bushels.
No cenário global, os estoques subiram para 282,6 milhões de toneladas, com cortes de produção na União Europeia e Sérvia, mas aumento na Ucrânia e Canadá.
Para quem está “da porteira pra dentro”: uma oferta maior costuma significar preços mais pressionados lá fora, o que pode refletir no Brasil, especialmente nas regiões mais ligadas à exportação.
Para quem está “da porteira pra fora”: o relatório acende alerta para movimentos de baixa no curto prazo, mas reforça a importância de acompanhar câmbio e demanda interna para avaliar oportunidades.
Soja: produção abaixo do esperado, mas atenção dividida
A soja teve um comportamento diferente. O USDA reduziu a produção para 4,30 bilhões de bushels (116,8 milhões de toneladas), com rendimento estimado em 53,6 bushels por acre. Os estoques caíram para 290 milhões de bushels, e no cenário mundial, recuaram para 124,9 milhões de toneladas.
Apesar de ser uma notícia potencialmente de suporte aos preços, a atenção do mercado ficou concentrada no milho, limitando o impacto imediato sobre a oleaginosa.
Para o produtor: uma redução de produção nos EUA ajuda a segurar preços, mas não é garantia de alta — fatores como câmbio e ritmo das exportações brasileiras também influenciam.
Para o mercado: a leve queda nos estoques globais mantém a soja em equilíbrio, exigindo cautela antes de assumir posições mais agressivas.
Trigo: estoques globais no menor nível desde 2015
O trigo foi o grão que recebeu menos atenção no noticiário, mas traz um dado relevante: os estoques mundiais foram estimados em 260,1 milhões de toneladas, o menor volume desde a safra 2015/16. Esse aperto pode dar sustentação aos preços, especialmente diante de riscos climáticos em países produtores.
Da porteira pra dentro e da porteira pra fora: o que isso significa?
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Da porteira pra dentro: saber que o preço que chega até você não é apenas resultado da sua colheita ou da safra local, mas de uma engrenagem global. O milho abundante nos EUA tende a pesar sobre as cotações, a soja está num meio-termo e o trigo pode ter suporte.
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Da porteira pra fora: entender que este WASDE reforça uma safra de milho mais folgada e soja equilibrada, direcionando ajustes de posição, gestão de estoques e estratégias de hedge.
Resumo estratégico
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Milho: abundância nos EUA → viés de baixa no curto prazo.
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Soja: produção menor, mas impacto contido → atenção a câmbio e exportações.
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Trigo: estoques apertados → possível suporte de preços.
Fonte: USDA – WASDE Agosto/2025